sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Vinho


Meus olhos piscam rapidamente fechados
Sinto uma dormência em 1/3 da minha bochecha,
Minha boca cerrada pesa sobre meu rosto
Estou entorpecida
Minhas pernas não se movem, meu corpo inerte fica congelado
Meus braços sobre meu rosto, não consigo pensar em nada
Só no corpo, que adormecido pelo vinho; teima em ficar parado.
Penso se vou para Bahia ou não, para Vitória, Rio de Janeiro, uma semana de descanso.
Sei que é o vinho a percorrer meu corpo torpe.
Nada a mais além do barulho da minha filha viva, usando o andar de baixo.
Psicografo meus sentimentos, minhas sensações, o vinho correndo nas veias; e só penso: que bom adormecer.
Tudo cinza no banheiro
Não sei o que será de mim, vida! Morte! Sei que estou aqui sentada no banheiro, esperando, reunindo força para ir pra cama.
Dormir e esperar que o Merlot alcance seu ápice e que eu me encontre novamente em mim.
(Aline)

embriaguez... não sei se é a minha cabeça se gira enquanto me centro nos pensamentos ou se são meus pensamentos que me rodeiam enquanto tento repousar minha cabeça num lugar só... as faces enrusbescem, o rosto esquenta... os gestos ficam mais espontâneos, as palavras saem com mais facilidade da boca... tudo fica mais rápido e ao mesmo tempo, tudo acontece em câmera lenta... nem tudo que se ouve, se faz, se vê, se fala, faz sentido... o mundo ganha formas e cores mais vivas... vivas até porque elas insistem em se mexer, mesmo quando a lógica nos diz que deveriam estar paradas... é uma dança no limiar da conciência e do sonho, onde ora se valsa de um lado, ora se resvala pro outro... a vontade é de voar pelo céu estrelado ou de se deixar flutuar num mar calmo, abandonando-se às doces sensações de uma dimensão quase paralela, com pouca censura e pouca ordem... até que o dia seguinte traga a turbulência da tempestade e as ondas do mar revolto diretamente para a mente plácida que agora tem certeza, gira,gira, gira...
(Ana)


Sexta feira, manhã, chuva fina. Casacos. Nem parece janeiro. Será que existem janeiros nessa terra de araucárias? Se der sol amanhã vou até o litoral, Ilha do Mel, eu ainda não conheço. Sexta feira, frio e chuva fina, há um mês venho repetindo que se der sol vou a praia, há mais de um mês todo sábado chove e eu procuro essa tal beleza que Fernando Pessoa garante, os dias de chuva também tem.
Trabalho. Dias de chuva são bons para trabalhar e dormir. Pode ser. Eu prefiro sol!

“Tenho uma dor nos ombros toda vez que como tomate”
-?
“Hoje eu comi salada, não vi que tinha tomate, quando eu percebi tinha comido tudo, agora estou com dor nos ombros”
Penso rápido, o que será mais sério, ombros que doem com tomate ou o fato de numa salada não enxergar justo o vermelho e discreto tomate. Conto até dez... é a primeira do dia.
“É que quando alguma coisa encosta nas minhas pernas eu vomito”
-?
“Qualquer coisa, até o meu cachorro”
Mais uma. Conto de novo até dez, mantenho as minhas pernas bem quietinhas debaixo da mesa, não vou chutar as canelas da moça, vai que é verdade...
“Eu estava com dor nas costas. Aí fui numa benzedeira...”
Começo a contar de novo. Hoje o dia não está bom.
“...aí ela me fez uma massagem, só que pelo ânus. A dor subiu pra cabeça...”
Sem comentários, Perdi a conta, aliás contar para que...
“ ou será que essa dor é porque eu levei muito tapa na bunda quando era criança?”
E eu não bebi, nem hoje, nem ontem, nem anteontem...talvez devesse.

Sexta feira. Janeiro,nuvens cinzas. Frio. Eu quero ir a praia, eu quero ir para casa.
“Mas frio é bom, você bota aquele chalé lindo que comprou na feirinha...”
Conto até cem, preciso de mar, areia, um horizonte azul...
“Pode tomar um vinho, frio é bom para vinho...”
e para dormir agarradinho, conto até mil...que seja!
(Neysi)