domingo, 22 de maio de 2011



Aquela velha música do Roberto Carlos, já dizia “Por isto uma força, me leva a cantar”. Às vezes a única coisa que une estas 3 primas é a tal força interior que teima em nos empurrar vida a frente, mesmo que muitas vezes os textos sejam a única coisa que temos em comum. Vidas tão diferentes, profissões diferentes, cidades diferentes, temperamentos diferentes, os textos são pontos de encontro, algo que nos amarra uma as outras, por isto AvessoReflexo, nada igual e ao mesmo tempo um sentimento refletido no outro, uma descobrindo o que sente e pensa a partir da intimidade expressa em palavras.
Quando a força parece ser esvair de uma, vem o texto da outra suscitar novas possibilidades, isto é agregador, pelo menos pra mim. Muitas vezes o silêncio se mostra na caixa de entrada do e-mail, semanas e nada de contato. Pode ser neste momento exato, em que música do Roberto Carlos, esteja mais presente a “força estranha no ar” nos mantêm ligadas, mesmo em silêncio.
Já falamos do tempo de diversas formas, de nós como seres íntegros ou multifacetado, foram tantos os textos desde que o AvessoReflexo apareceu, hora mais intenso na produção e em outros momentos o vazio. É neste vazio momentâneo que agora busco sabedoria, pra perceber meu ambiente de trabalho e não me deixar arrastar para situações que me façam diminuir ainda mais a força de ego que eu teimo em fazer crescer dentro de mim. AvessoReflexo eu X eu mesma muitas vezes.
(Aline)



existem algumas coisas que são simplesmente por ser, surgem de onde menos se espera... laços fortes entre pessoas distantes, reencontros num acaso proposital, pontes construídas por palavras... e silêncio... vou pedir permissão a um grande amigo pra tornar pública a sua resposta à um texto antigo nosso... às vezes quero escrever e falta o jeito; pensar é uma coisa, escrever é outra... Pra vc então, é covardia. De vez em quando vc fala que respondo em poucas linhas o que vc escreve... numa conversa falada a gente tb participa com o silencio, e por email não dá. Já pensou, na epoca em que se mandava cartas, vc receber uma carta em branco, representando o silencio do seu interlocutor? Aquela expectativa toda ao receber a missiva e... uma carta em branco, não por deboche ou desprezo, mas representando o silencio que o outro gostaria de fazer, sua pretensão de ouvir... é, escrever não é pra todo mundo e nem pra todos os momentos... eu concordo, às vezes o silêncio fala mais alto, mas tem outra coisa que nos une mais fortemente, a certeza de sermos ouvidas toda as vezes que quisermos sair do silêncio, a resposta que nunca falta, a confiança de que não estamos sós em nossas lutas e lutos... temos a escrita em comum e temos mais... temos uma a outra... minha querida, não se deixe abater, vc é minha guerreira, não encare os obstáculos como dificuldades e sim como desafios que a tornarão mais fortre do que vc já é... recorra sempre aos que te querem bem, não esqueça da sua fé... não há perfeição nos relacionamentos, sejam eles quais forem, familiares, amorosos, profissionais, a nossa perseverança e preservação é que faz a diferença... estamos com vc, seja no silêncio ou aos gritos, da forma que precisar... desabafe. esperneie, desmanche e depois esteja novamente em prontidão, a vida não para, mas vc não está só...
(Ana)



A culpa do silêncio, se é que dá para chamar de culpa, é quase sempre minha. Fui eu que criei o blog, mas sou eu que retardo as postagens e desanimo as meninas. Sou a prima preguiçosa ou para disfarçar melhor, a muito ocupada. Verdade mesmo é que eu não sei falar de mim, por isso nunca fui capaz de iniciar um post. Para responder vocês minha ficha demora a cair, leva um tempo grande para que o que sinto seja transformado em palavras minimamente compreensíveis. Talvez por isso eventualmente, e cada vez mais eventualmente, escreva poesia, na verdade, apenas cerco silêncios com uma ou outra palavra que encontro. Mas leio tudo que vocês escrevem, nossas confusões em comum, nossas diferenças. Às vezes nos repetimos, às vezes nos complementamos. Nos conhecemos e nos reconhecemos, Nos confundimos um pouco talvez, mas estamos juntas e isso é o melhor. Qualquer coisa gritem!
(Neysi)


Voando sozinha
Um dia eu abri meus olhos e minha filha tinha virado uma mocinha. Baladinha na escola, gloss nos lábios e uma vida começando a ser independente da minha.
Agora o tal acampamento de inverno em Campos do Jordão com jantar temático, compras e degustações de chocolate. E longe quatro dias, de mãe e pai. Só os amigos da escola e algum adulto que eu nunca vi na minha frente.
Lá vai ela pra vida e eu aqui, observando o vôo ao longe, torcendo pra que as asinhas tenham força pra alcançar o céu mais límpido e que nenhuma rajada de vento a faça cansar.
Sabe o que é misto de medo e orgulho? É o que sinto agora, medo de deixá-la ir e não poder protegê-la e orgulho porque ela quer ir, quer começar a construir sua independência.
São os fatos incontestáveis da vida. Tudo segue o curso normal e se você tiver a mente aberta, nada é tão improvável, nada é definitivo. A gente acha que vai ficar do lado pra sempre, e na verdade a gente fica, mas de um jeito mais “virtual” os pássaros um dia batem suas asas e se vão.
(Aline)



á faz algum tempo que vi minha filha começar a querer voar, hj ela já é uma moça, o voo dela já vai alto e é magnificamente belo... quando a vejo tão bonita, tão mulher, tão amiga, penso no tempo que passou desde o dia em que veio para os meus braços pela primeira vez... pequenina, enrugadinha, a mãozinha se perdia dentro da minha.... há pouco tempo a mãe de coleguinha fazia uma tola comparação entre nossas filhas... ãh, dizia ela, a minha é muito boba, não é que nem a sua... num primeiro momento estranhei a colocação... cmo não, as duas estão sempre juntas e fazem exatamente as mesmas coisas... e ela começou a relacionar coisas que a clarissa fazia e a filha dela não... e conforme ela ia enumerando as diferenças, em vez de chateada, fui ficando cada vez mais orgulhosa... minha filha anda de ônibus sozinha, anda com o meu cartão pra comprar o que é necessário e por vai... no final, respondi sorridente para a mãe, apesar da malícia de sua colocação... é, vc tem razão, minha filha não é boba... e fiquei orgulhosa de mim também... toda mãe, todo pai, quer que seu filho seja feliz... eu nunca fui iludida quanto a isso não... ser feliz a gente é e às vezes não... não é um estado absoluto... quando me perguntavam o que eu queria que minha filha fosse, eu dizia, SAFA!... eu sempre quis que ela fosse safa, que soubesse se virar na vida, que soubesse ser feliz, mas que também soubesse passar pelo sofrimento, que não ficasse parada, epserando alguém resolver pra ela o que ela mesmo pode desenrolar sozinha... e isso acho que eu tenho conseguido... guardadas as proporções, quando a vejo se maquiando para sair, quase me vejo també, me sinto colega... faço e escuto confidências... escuto... como foi o dia, o que teve de graça, o que teve de trágico, a nota boa e a má... e como gosto de escutar esse farfalhar de asas que batem com graciosidade e leveza... me transporto no tempo para o tempo dela e às vezes a transporto para o meu, necessidade da vida essa de crescer... voamos juntas quando podemos, enquanto podemos... e em nossos voos solo, sabemos que a outra está lá, BFF, best friend forever...
(Ana)


O mês de maio para mim é sempre um mês difícil. Tem o dia das mães, uma data mal resolvida. Tem o aniversário do Juca, que nasceu no mesmo dia em que minha mãe faria aniversário. Fico mais emotiva, com tendência a reavaliações pouco favoráveis, esquisita mesmo. Esse ano não foi diferente. Esse texto era para falar dos filhos, de seus voos solo, mas eu começo assim ,enrolando, falando de mim...
Joana teve apendicite. Fez uma cirurgia, recuperou-se com a rapidez dos adolescentes saudáveis. Teve que ser atendida em hospital pediátrico. Lá estava Joana, no meio de bebês, recreadores, brinquedotecas. Corajosa a Joana, difícil alguém acreditar que estivesse sentindo dor. Mas impossível não perceber sua inadequação a um ambiente que a tratava como criança. Sua única resposta não monossilábica aos profissionais que tentavam interagir com ela foi um comentário sobre a eliminação do seu time, perdeu não, empatou! No mais não queria ajuda para se vestir, não queria suco ou gelatina, muito menos a programação infantil dos canais a cabo disponíveis. Queira saber se poderia viajar para assistir ao show do Paul, a nova adulta é fã do velho Beatle.
Na mesma semana o Júlio fez 18 anos, não quis festa, os amigos estão espalhados, alguns morando longe, outros trabalhando ou estudando à noite. Tem os que ainda não fizeram 18 e não podem frequentar os mesmos lugares. Pereferiu ficar com a namorada, de presente quer carteira de motorista. Ano que vem vai morar sozinho, quer aprender a cozinhar. Filhos crescem, quando a gente vê, não cabem mais no ninho. Summertime,and the livin' is easy, mas enfim...
(Neysi)

domingo, 8 de maio de 2011



Eu não sei por que eu me tornei parecida com um cão. Se nasci assim ou a vida me fez desta maneira. Passei minha vida toda agindo de maneira fiel as pessoas de maneira em geral, e sou até reconhecida por ser assim. Fiel e leal.
O problema é que talvez como um cão eu espere atenção das pessoas, não espero fingimento, não espero que me agradem pra eu ser boazinha e ficar quieta dentro da minha casinha. E não lata, não morda, não faça bagunça e sujeira fora do momento esperado.
Talvez a pior coisa que um cão pode sentir é que seu dono não goste dele ou finja gostar...
Às vezes acho que os gatos com toda sua independência viva melhor que os cães. Eu hoje queria ser um gato.
(Aline)


sei que o assunto é sério, mas não pude deixar de me divertir um pouco com as váris metáforas que me vieram à mente, por isso peço desculpas pela minha impertinência e me dou o direito de ser um pouco avoada como um passarinho... não levem a mal as comparações, sejam bstante ingênuos até, pra não maldarem as associações, sejamos puros como cordeirinhos... apesar de me ver melhor como uma galinha choca, rodeada de pintinhos debaixo da asa, esse arquétipo da lealdade canina também me impressiona... dá pra me imaginar fácil, sentada aos pés de algumas pessoas, com a cabeça apoiada em seus joelhos, recebendo aquele clássico afago no pelo, ops, quer dizer, cabelo, rs... tenho entendido melhor essa coisa do vínculo entre animais e pessoas, mas ao contrário do que dizem... quanto mais conheço das minhas cadelas, mas eu gosto das pessoas... isso porque acho que a amizade sincera é possível, nos conquista e vence várias diferenças... é claro que as negligências dóem, mas também somos negligente às vezes... também consigo me ver como gata, arredia, independente, presunçosa, só buscando carinho quando a carência bate... o bom é ser múltiplo, abanar o rabinho, no bom sentido, é claro, rs, mas mostrar as unhas de vez em quando... isso quando a vida não exigir que sejamos peixe, abrindo e fechando a boca, enquanto só se observa a maré... enquanto isso é melhor mesmo aproveitarmos a ausência do dono, dos cachorros e dos gatos, pra dar aquela festa, ass. ratinha...
(Ana)





Tem poucos dias disse a uma amiga que me sentia como um bicho grande preso numa jaula, andando de um lado para o outro, tentando manter vivo algo selvagem que talvez nem tenha conhecido ou lembre direito, mas que não permite o sono esticado sob o sol. Na verdade, fora da jaula nem saberia o que fazer.
Definitivamente não tenho a docilidade, a paciência e a humildade dos cães, nem a elegância e independência dos gatos. Também não me vejo como nenhum desses bichos trabalhadores e úteis, muito menos os organizados como abelhas e formigas. Para peixe de aquário tembém não sirvo, seria um daqueles suicidas, que aparecem de manhã no chão da sala. Sou confusa demais para ser bicho, não ia dar certo. Mas se eu fosse escolher hoje, acho que seria daqueles que vivem agarrados às pedras na beira do mar, aguardando tranquila o tsunami. Ou então ser um bicho preguiça, espantar turista e tomar banho de sol...
(Neysi)