terça-feira, 15 de maio de 2012










vem,
vem voar comigo
para rompermos juntos a alvorada que se anuncia.
vem comigo agitar a neblina
com o bater de nossa asas.

vem,
vem comigo aquecer o coração
com os primeiros raios de sol,
vem comigo explodir em cores,
refletindo a branca luz do dia que nasce.

vem,
vem comigo provar do orvalho fresco
gentilmente depositado em delicados cálices de pétalas.
vem comigo sentir o doce sabor do néctar,
participando do milagre da vida.

vem,
vem comigo voar a manhã toda
e depois por toda a tarde.
vem comigo se entregar ao vento
para ver aonde ele nos leva e tudo aquilo que ele nos traz.

vem,
vem comigo ao cair da noite
para se recolher à segurança do ninho
e sentir a plenitude de fazer parte da criação.

vem,
vem comigo nessas asas, nas asas do beija-flor
aguardar a geração do novo dia,
enquanto repousamos no grande colo de Deus.
(Ana)








Para a leveza tem o peso.
Estou assim, chumbada no chão!
Presa e tentando me soltar.

Para o peso, não tem remédio.
Tento algo que me faça voar, mas estou amarrada.
Sem possibilidade de me sentir pluma.

Para remédio, não tem farmácia ainda.
E procuro no interior, algo que tire a dor!
Água quente: alivia, mas não finda.

Leveza, peso, remédio, dor.
Às vezes na vida vemos plumas ao vento
Outras, só sofrimento.
(Aline)





Inconsistentes
e leves
demais
até para
formarem versos
uma
a uma
as palavras voaram.


Sob
a terra
o peso das
dores inúteis
alimenta larvas e raízes

Agarrada
ao tronco
permanece
a pele oca da cigarra.
(Neysi)