quinta-feira, 14 de maio de 2009


Minha filha Luiza ,de 4 anos e meio, esperta como é, está sempre a ouvir , prestar atenção, e assimilar aquilo que os adultos à sua volta dizem. Outro dia surpreendeu-me com a pergunta :
_ Mamãe, nós somos pobres?
_ Sim, meu amor, em termos de dinheiro, sim. _respondi_ Mas filha, se quer mesmo saber se somos pobres, deve entender que não é só o dinheiro que significa se somos pobres ou ricos. Veja, não podemos comprar tudo aquilo que queremos, e papai trabalha muito para nos dar o máximo de conforto que ele pode. Você e a Samara têm seus brinquedos, suas roupas, bons médicos à disposição sempre que precisamos. Têm tudo aquilo de que necessitam. Mas, meu amor, acima de tudo isso, temos uns aos outros, estamos todos vivos, temos saúde, alimento em nossa mesa, alegria, amor, nossa casa, nossos cãezinhos, uma cama quentinha nos dias de frio e Papai do céu cuidando de nós. Então, vendo por esse lado, não temos muito dinheiro, mas de certa forma somos ricos!
_ Entendi -disse ela-. Vovô me disse q existem crianças que juntam grãozinhos de arroz ou feijão , sentem fome e não têm nada para comer. Disse também que algumas tem dinheiro mas não podem correr na grama verde como eu, usando minhas asinhas de borboleta de faz - de-conta.Mas mamãe, eu queria taaaaaanto um carro como o que tínhamos emprestado esses dias, com ventinho e ar quente!
_ Quem sabe um dia!- respondi- E você poderá ter o seu próprio carro, se for obediente, ouvir o papai e a mamãe e estudar bastante!
Depois dessa nossa pequena conversa, pus-me a pensar....com essa idade eu nem pensava em carros! Acho bom q minhas filhas tenham seus sonhos, q elas aprendam desde cedo que precisam lutar por aquilo que querem , ao invés de esperar que eu e meu marido possamos dar-lhes tudo de mão beijada. Mas , por hora, entendi que depende mais de mim do que delas, ensiná-las a ver as coisas simples da vida. A serem felizes com o que temos!
Decidi deixar de esperar pelo carro para sairmos passear , levar ou buscar nossa pequena poodle Kakau à veterinária, comprar o pão para o café ou o sorvete que as crianças querem tomar. Coloquei a pequena Samara no carrinho de bebê, guardei a guia da Kakau em minha bolsa, segurei a mãozinha da Luiza e fomos buscar nosso bichinho de estimação, sentindo a temperatura amena do outono....
_ Que passeio gostoso, mamãe! Tá sentindo o ventinho?
_ Sim, meu amor! Está muito bom mesmo!
Guardei a imagem de seus rostinhos felizes em minha memória, bem guardados, para não fugirem. E pensei : _ Quando ela estiver, um dia, em seu carro com ar condicionado, quero lembrar-lhe o quanto eram bons os passeios a pé na avenida arborizada, na pequena cidade de interior, para que ela não se esqueça das pequenas e gratuitas coisas, q nos trazem grandes alegria, as quais dinheiro algum pode comprar.........

(Grazi)