sábado, 4 de abril de 2009

Da noite...



acho que sou desses seres da noite, que desperta com a lua... quase posso sentir o chamado dela, como um lobisomem que quer se transformar... às vezes passo pela janela da casa e vejo do lado de fora a luz azul banhando o quintal, o disco branco no céu, multifacetado pelo vidro canelado, e mesmo assim, sinto o luar em mim... céu limpo de lua cheia... significa noite quase tão clara quanto dia, luz matizada de azul... me lembro de na infância ter perguntado por que o luar á azul se a lua é branca... as explicações científicas entretanto nunca me interessaram... só o que me fascina é esse poder de iluminar a escuridão com uma luz quase escura... luz de sonho, de uma realidade difusa... lua que segue a gente por onde a gente anda, objeto de outra pergunta de infância... meu lado canceriano se influencia fácil com as fases da lua, inspiração zodiacal... minha parte água se move como as marés e salta aos olhos na preamar... minha face bruxa entoa feitiços por uma vida mais plena... tudo isso à luz da lua... e sinto fisicamente o toque do luar na minha pele... assim como sinto a sua ausência nas noites sem lua... e as valorizo tanto como as noites claras... porque nas noites escuras, noites de lua nova, mesmo que ela não me sorria, sei que a lua está lá... e aí tenho certeza, não é da luz que vem o seu poder... é ela, a lua que emana a magia que é capaz de energizar a luz... e é estranho pensar que uma luz tão poderosa e bela não é própria, é apenas um reflexo... e ela apenas reflete e já causa tanto impacto... não arde, mas incendeia a inspiração dos amantes... luz fria que aquece mentes, corpos, corações... não escolhe quando vai aparecer brilhando, mas não foge de sua órbita para aparecer... mínima gravidade que tem tanto poder sobre o nosso mundo... lua que me guia e me transforma... e se o luar é meu amigo, censurar, ninguém se atreve...

(Ana)





Já me perguntaram uma vez, se eu era notívaga. E eu respondi que não! Sei que não sou porque acabo sempre dormindo com as galinhas.
Mas, com certeza o meu encanto é pela noite e pelo sombrio. É na noite que me sinto melhor, apesar do sono. É através da lua e de sua luz que reconheço a minha essência. A vida de um coração apaixonado ou em busca de amor. Assim sou eu! Talvez seja difícil aceitar que tenho este lado noturno tão presente em mim, mas minhas paixões emanam sempre do obscuro, do soturno e do sombrio.
Os meus dons também se manifestam neste horário, visões, premonições, ver as estrelas, sentir o escuro do mundo, o outro lado da vida. Costumo dizer que sou do lado branco da força, mas a escuridão me atrai realmente, e traz com ela o receio, o medo, porque tudo na noite é sobrenatural, diferente do previsto.
Até a melancolia que em mim habita, vem da escuridão. Não só da persona, do inconsciente que insiste em tornar-se presente durante o cair da noite. Mas porque tenho atração pelo escuro. Eu me lembro de estar deitada com uns oito anos, e a vida da casa já ter adormecido por completo, mas eu fiquei de olhos abertos, olhando o negro da noite, o escuro que nada pode vencer. E nem sempre isto me fazia desistir de encará-lo.
A lua realmente vem para abrilhantar o altar da vida dos notívagos, assumidos ou não. Eu me entrego aos seus encantos, minguante, crescente, nova ou cheia. Sei que saio na rua e sempre procuro por ela, para ouvir o que ela me tem a me dizer e a me inspirar.


(Aline)





Acordo cedo mesmo quando durmo tarde, mas odeio despertadores.
Às vezes tenho preguiça, procuro não pensar no dia comprido pela frente. Muito trabalho sempre. Domingo gosto mais de levantar e de ficar sossegada, a casa inteira dormindo , o computador só para mim. Escolher entre silêncio ou música, minha música, a que gosto de ouvir. São algumas poucas horas, logo todo mundo acorda e o relógio volta a correr.
Adoro dias de sol, mas às vezes me dá um desespero, vontade de ir embora, molhar os pés na beira do mar e seguir andando. A cidade vazia aos domingos, o barulho do mato crescendo me enlouquece, confesso. Mas dos passarinhos eu gosto. E da gata caçando borboletas no quintal.
Meio dia sinto invariavelmente preguiça. Bonito mesmo é o por do sol, seja aqui entre as araucárias ou por trás do Dois Irmãos. Até no meio dos edifícios ou num engarrafamento por de sol é bonito. Agora, crepúsculo é uma palavra esquisita, feia.
O céu aqui na Lapa à noite é bonito, cheio de estrelas, céu de roça e a luz amarela dos lampiões no Centro Histórico faz um reflexo interessante sobre os paralelepípedos. Dá para caminhar sem medo , só não se tem para onde ir. Trocava sem susto pelos luminosos, faróis, milhares de janelas e perigos da cidade grande, meus sensores da tal qualidade de vida devem estar com defeito, monóxido de carbono demais, com certeza. Mas o luar é bonito sim: prateado, azul. E a noite tem som de grilos.
Melhorei meu sono depois que mudei para cá, mas ainda acordo de madrugada. Às vezes sonho com trabalho, muitas vezes com a casa velha no Rio, minha mãe, Cremilda, minha avó. Misturo coisas, pessoas. Abraço você, no frio é bom dormir agarradinho.
Não sou particularmente lunar, nem diurna nem noturna, fujo durante alguns minutos em qualquer hora do dia para pensar bobagens e ver o que quase ninguém vê. Quando lembro fotografo. Ou escrevo. No momento seguinte, por bem ou por mal, esqueço. Ainda bem!



(Neysi)

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