segunda-feira, 11 de janeiro de 2010



Quando eu estiver velhinha!

Fico imaginando os anos passando e eu já de cabelos bem brancos. É gostoso imaginar como será minha nova vida velha.
Eu acredito que meus cabelos não serão tinturados nunca! Vou assumí-los com muito orgulho. A pele macia e com marcas de expressão acentuadas pelos anos; vão dar mais veracidade as coisas que eu sinto e que eu falo.
Serei o tipo de senhora sábia que as pessoas vêm conversar, desabafar e pedir conselhos.
Acredito que no meu jardim da vida, vai ter um grande pé de arruda, e como uma velha senhora das antigas, usarei alguns galhinhos para benzer as pessoas que tiverem fé! Na horta da minha casa terá capim-limão pro chá da tarde que costumarei fazer, enquanto eu admiro o sol que se põe por mais um dia.
Meus netos vão gostar de me visitar, a avó que conta lindas histórias, sentará em uma poltrona confortável e com eles aos seus pés no chão, atentos a todos os detalhes dos contos, sempre a sorrir e esperar cada aventura que virá.
Os bolos serão os mais gostosos, e cada um poderá repartir da sua vida o que bem quiser. Avós são feitas para isto, acolher!
Meu velho companheiro estará fazendo alguma coisa que para ele será importante e sua companhia será tão agradável como observar as nuvens.
Minha casa terá cheiro de rosas, de flores que estarão por todos os cantos. E eu nos meus momentos de solidão estarei acompanhada de música, livros e quadros a serem pintados. Eles serão o retrato de uma vida doce e boa, onde todos os fatos foram importantes.
Cada lembrança trará um amigo de volta, com seus sorrisos e encontros bons que tivemos. Acredito que meu sorriso será ainda mais doce do que foi na juventude e que meu humor encantará a todos que me cercarem.
À noite! Darei uma volta a pé com meu companheiro, vamos recordar tudo o que vivemos e saberei que fiz tudo, vivi tudo que foi possível, e que tive uma vida que valeu a pena ser recordada.
(Aline)



When Iget older...

É, eu achava que seria assim, a idade chegando, a calma, a sabedoria e, claro, os cabelos brancos. Branquinhos mesmo, um corte comportado,quem sabe um coque. Só não valeriam aqueles cabelos azuis ou lilás quealgumas senhoras usavam quando eu era adolescente e olha que não pertenciam a nenhuma tribo moderninha. Seriam brancos mesmo. Mas quando os fios brancos tornaram-se indisfarçáveis não tive dúvida:tintura neles. Pode ser que daqui a vinte anos, se ainda estiver por aqui, eu mude de idéia. Mas até acho bonito os branquinhos, só que nos outros.
Quanto às rugas, nunca me preocupei com elas, não sei se um dia me incomodarão.Velha, eu? Claro que esse dia está muito longe...
Mas gosto de imaginar que terei uma varanda com plantas, uma sala bem iluminada, cheiro de mar, canto de passarinho. Um calçadão para caminhar sem medo, amigos, netos, talvez eu finalmente aprenda a fazer bolos, talvez aprenda até a dançar. Conhecer o mundo, quem sabe?Tocar piano, viver em lua de mel. Tudo bem crianças, papai e mamãe não fazem sexo, vovô e vovó então nem se fala. Não é assim que vocês pensam? Eu também pensava muitas coisas sobre amadurecer,envelhecer, mas descobri que não eram verdade, a gente por dentro não muda quase nada. Pena mudarmos tanto por fora, mas isso talvez seja questão de ajustar o olhar, mudar um pouco o foco. Aliás, não tenhorugas, mas agora uso óculos...
(Neysi)



não imagino a minha velhice porque sempre achei que não chegaria até ela... um dia, quando criança, olhei pela janela, meus irmãos estavam falando alguma coisa sobre o futuro, que eu não me lembro mais o que era, e alguma coisa dentro de mim me disse que não veria acontecer porque morreria cedo... essa idéia não saiu mais da minha mente, me acostumei a pensar nisso e deixei de me preocupar com a velhice... depois de alguns anos, me dei conta que não envelhecer significaria morrer jovem e aí, a idéia de não envelhecer passou a ser mais pesada do que a de ficar velhinha... não envelhecer significaria não ter tempo pra realizar tudo que foi sonhado, não ficar ao lado das pessoas que se ama, não criar os filhos... depois que fiquei órfã, então, a idéia de não criar os filhos passou a incomodar ainda mais... passei a pensar até que idade os acompanharia, se daria tempo de prepará-los pra vida, se eles se lembrariam de mim e se saberiam do grande amor que sinto por eles... depois de um certo tempo fui deixando de me incomodar com isso também... nunca se prepara alguém pra vida totalmente, tudo que é vivido intensamente nos marca para sempre e o amor... esse, a cada beijo de boa noite, a cada abraço apertado, a cada mão dada na rua, transparece com tanta clareza que tenho a certeza que eles sabem, não depois da minha morte,mas hoje, do grande amor que sinto por eles... e aí, deixa o tempo passar, deixa ele deixar suas marcas... e ele já as tem deixado em mim... se isso for envelhecer, já estou envelhecendo, mais do que pensei que fosse... e não é ruim não, nem é tão diferente quanto ser jovem, é apenas estar viva... e me sinto viva, pra algumas coisas, uma criança brincalhona, pra outras uma adolescente em descoberta,algumas vezes jovem como nunca, outras uma adulta responsável e de vez em quando, uma velha rabugenta... e acho que é assim, somos todas em uma só... envelhecendo enquanto se aprende a viver...
(Ana)

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