segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tomates e eu...


Não sei onde, nem quando e nem porque deixei de gostar de tomates. Fui largando eles bem longe de mim, e quando vi, não suportava mais a tal fruta vermelha. Nem sequer o molho deles em pizzas. De repente me vi obrigada a dar um jeito em uma comida que tinha que ser feita rapidamente, piquei cebola, tomates joguei no azeite com folhas de manjericão; num macarrão que deveria ser comido em quinze minutos.
E o perfume que invadiu minha casa e tomou de assalto meu olfato, era maravilhoso. O gosto parecia de algo simplesmente divino. Quantos anos perdi longe da bolota vermelha? Não sei responder!
Fiquei aqui pensando em quantas coisas vamos deixando de lado e que elas podem simplesmente serem boas e a gente não se dar mais conta disto.
Porque não pintei mais nenhum quadro? Porque deixamos de escrever pro blog, de enviar nossos textos umas pras outras? Porque coisas triviais perdem o sentido e quando percebemos, deixamos algo bom de lado. Porque não fui mais até a janela que tenho aqui, que dá pra serra e olhei através dela? Porque o tucano bicou minha janela? Porque apesar de ter atravessado o verão, parece que hibernei no inverno?
Quero acordar, retomar minhas aventuras à óleo, meus textos, meu olhar através das janelas, dos textos da “diretoria”, me ver através do outro e olhar a fruta vermelha e sentir seu sabor.
Onde foi que deixei de acompanhar a modernidade, porque comecei a ficar de olho só no passado, nas velhas músicas conhecidas e deixei de ouvir as novidades do rádio?
Parece que estou saindo de um estado de coma. Precisando ver o mundo de novo. ‎"meu tempo é hoje. Não vivo do passado, mas o passado vive em mim..." vi o Paulinho da Viola falando isto, e novamente percebi que queria falar como ele, sobre mim, sobre minha vida.
Como pode alguém da rua, falar aquilo que a gente sente, melhor que a gente e sem nem mesmo nos conhecer.
Acorda diretoriaaaaaaaaaaaa! Vamos de novo, juntas experimentar tomates?
(Aline)


Tomates me lembram a infância. Abrir a geladeira e comer puro, levando bronca da avó, muito ácido, vai estragar o estômago! Minha avó tinha regra para tudo, coisas que não se devem fazer à noite, outras durante o dia. Coisas que não combinam. fazem mal, beber água gelada com o corpo quente, tomar vento depois de sair do banho, banho depois de comer. Meninas não sobem no muro nem riem alto, fica feio. Tem certas palavras que não se falam nem de brincadeira, dão má sorte (azar nem pensar ,bata na madeira) . E ia ficando a idéia que a vida era fácil, só seguir os conselhos e não deixar em hipotese alguma os chinelos virados ou a bolsa no chão.
Muita coisa que eu acreditava nem lembro mais, outras que eu gostava deixei de gostar, descobri muita coisa diferente ainda enquanto morava na casa velha da Vila. Falta de umas boas chineladas, diria a minha avó, que no entanto nunca me bateu.
Nunca deixei de buscar o novo. Sou inquieta desde sempre, não sei se é virtude ou defeito.Mas tem coisa que a gente simplesmente esquece e não é porque sejam ruins. Deixam de fazer parte do nosso momento tragadas pela rotina, pelos compromissos ou pelo desânimo. E eu que gostava tanto de desenhar, acabava com os cadernos bem antes do tempo, nunca mais peguei num lápis. E o violão? Tem uma tela vazia me esperando dentro do armário, as tintas devem ter secado há muito tempo, já devo até ter jogado fora. Agora o blog, esse eu nem sei por que não continuamos, afinal estamos sempre aqui na frente do teclado. Será que já dissemos tudo? Lembrei agora de um texto da Cecília, acho que não escreveria nada melhor:


A arte de ser feliz


Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meireles
(Neysi)



também tenho me perguntado porque parei de escrever... por mais que eu invente desculpas, não há uma resposta... foi a falta de tempo? tenho hoje o mesmo que tinha antes... foi a cura das angústias? bem que eu queria... foi a mudança de fase na vida... eu mudei mesmo de fase? de qual pra qual?... algumas pessoas têm me dito que ando mais tranquila e que isso até se reflete no meu semblante... me olho no espelho e me pergunto como seria o meu rosto antes então... não vejo a tranquilidade que as pessoas veem, mas sei que de alguma forma ela está lá... voltei a minha mente pra outros pensamentos, estão menos em mim em mais no que o mundo tem a me oferecer... tem tanta coisa pra eu conhecer, tantos sabores diferentes para experimentar... falando em tomate, hoje em dia sou quase vegetariana, como muito pouca carne e por incrível que pareça, não sinto falta como das primeiras vezes... mas ainda gosto e não pretendo parar de comer de todo, mas quero comer só o que eu gosto, não por simples hábito... mudei... mudei alguns hábitos na minha vida... coisa estranha não fazer o que sempre se fez... coisa estranha perceber que não se morre ao tomar água gelada com o corpo quente... é quase reviver a cada copo d'água... e eu que não gostava de cenoura, carne-seca, abóbora, beterraba, acabei redescobrindo possibilidades e isso é assunto pra outro texto, pra esse não ficar longo demais... e ainda não sei explicar porque parei de escrever, rs... vou deixar esse assunto pra outro texto também, assim, quem sabe, a produção não aumenta...
(Ana)

Um comentário:

Unknown disse...

Primeiro texto de 2011...Estou feliz de ver o blog