segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Reticências, entrelinhas, verbos...


Reticente...

minha marca textual são as reticências... em todo texto que escrevo, elas estão presentes... entre uma frase e outra, entre um pensamento e outro... não sei bem o porquê... mas acredito que seja porque me parece injusto terminar uma frase com um ponto final... a mim, o ponto parece limitar o conteúdo... e a idéia vai sempre mais além... nos meus textos, há um infinito espaço a ser preenchido por quem lê... o espaço das reticências... das idéias que ficaram subentendidas, das imagens que vieram a mente, dos sentimentos que foram despertados, das tensões que foram criadas... espaço que não é pra ficar vazio... que não tem formatação convencional... que segue ritimado pelos três pontinhos entre um momento e outro do pensamento... mas a expressão pessoa reticente me incomoda... sempre a vi com um caráter negativo... idéia de alguém que nunca diz tudo, que não completa seus pensamentos, que está sempre deixando a entender, insinunado coisas... não queria ser reticente, duvidosa... na minha personalidade, quero sim ter pontos bem definidos... idéias de início, meio e fim... dois pontos, pausa, parágrafos, travessões, hora pra falar, hora pra narrar, momento de finalizar idéias... na minha vida, não sou reticente... sou sim é mais incisiva, mais direta, mais bem definida... só que o que me ajuda a me definir é exatamente o que escrevo, pontuado de reticências...
(Ana)



Básica

As primeiras coisas que escrevi eram assim, carregadas de reticências. Uma amiga me disse que era um recurso pobre do ponto de vista da língua, ela preferia a precisão das frases bem pontuadas. É claro que eu me lembrei de belos textos cheios de reticências, mandei um poema de Quintana para ela, mas o fato é que as reticências foram sumindo do meu texto à medida que a minha confiança foi aumentando. Percebi que um ponto não matava uma idéia. Não sei a escrita melhorou ou não, mas talvez a falta delas, aliada à minha implicância com os adjetivos e a minha inabilidade ou impaciência com figuras de linguagem, tornaram meu texto sintético e seco. Talvez por isso prefira a poesia. Ou a tentativa dela.
Na vida não sou tão despojada, nem tão objetiva. Como boa libriana hesito sempre, sou a reticência em pessoa.Mas nisso com certeza eu melhorei, idade tem que trazer alguma vantagem, então se é para decidir ,escolher, tento fazer logo. Mas conservo algumas reticências de estimação e gosto de brincar com as entrelinhas. Talvez seja o que eu saiba fazer melhor...
Ah, e que não restem dúvidas: Aninha, adoro suas reticências!
(Neysi)




Pontuando a vida

O verbo é o início de tudo, é quando começa a história de cada um, um nome, um significado, o depósito de esperança. Nasce o novo, e assim começa nossa vida.
Como vamos escrevendo este livro,é o que nos diferencia um dos outros. Pensando na minha pequena obra, hoje sei que ela está cercada de pontos finais. A cada estrada que eu percorria da minha história, havia sempre um ponto final pra cada etapa; aprendi aos poucos que o ponto final fazia parte de tudo, e que não indicava o fim extremo, e sim a possibilidade de começar de novo, de iniciar um novo capítulo, uma nova jornada.
Cada história teve muitas virgulas, onde eu tomava o fôlego para continuar as vivências, para respirar e até para tentar aliviar as dores de cada narrativa triste. Onde eu podia absorver o ar e olhar em que direção eu deveria seguir. Mas os pontos finais, logo se apresentariam. E muitas vezes só suportei cada etapa desta marcha, porque acreditei que eles estariam próximos, à distância de uma curva, de mais um passo.
Hoje, quando estou percorrendo meu caminho, e nuvens pesadas se aproximam, consigo apreciar as virgulas e esperar que o ponto final chegue. Meus passos diminuem, não tento mais fugir dos percalços, só respiro fundo e penso que a chuva vai cair, que os ventos vão soprar, mas que logo ali na frente eu encontrarei o tão esperado ponto final. Virgulas e pontos finais, minha biografia está cheia deles, e eu me orgulho disto.
De verbo me tornei adjetivo, substantivos e me recriei em novos verbos, em novos pontos e assim continua meu pequeno conto, até que a última pagina seja preenchida.
(Aline)

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha que não somos formada em letras, mas este monte de pontuações rendeu frutos rápidos rs
bjus diretoria

Neysi disse...

É mais fácil dar palpite quando não se entende nada-rs