sábado, 1 de novembro de 2008

Equilíbrio



tenho saudades de mim mesma... saudades dos momentos em que me senti segura e protegida... feliz... não me sinto assim agora... poderosa... me sinto extremamente frágil... quase quebradiça... tenho saudade da plenitude... daquela sensação que dá algumas vezes na vida que nos induzem a pensar que podemos tudo... que somos imabatíveis... que todas as nossas empreitadas darão certo... sensação de super-herói... em compensação... me sinto mergulhada na sensação de impotência, quase incapacidade diante das vida, dos fatos, das pessoas, dos desejos... o certo deve ser isso mesmo... não podemos controlar tudo o tempo todo... quando conseguimos ser bem sucedidos frente a alguma coisa controlável, somos super-heróis... quando perecemos frente ao que não conseguimos conter ou dominar, somos impotentes... o problema é o desequilíbrio... o problema maior ainda é identificar cada uma das situações... difícil isso... ter discernimento... é a coisa mais dificil do mundo... decidir com sabedoria a hora de agir e a hora de resignar... resignar é difícil às vezes... agir também é... e aquela velha história que a pessoa tem que ter as rédeas da própria vida... mas as rédeas de que, dentro da própria vida?... não é de tudo que podemos... podemos mudar nosso futuro? fazer nosso próprio caminho?... ou devemos nos render ao destino? aguardar o que a vida nos reserva?... só sei que tem horas que queria super-herói e queria não ter o poder... e tem horas que me sinto impotente e queria ser super-herói... será que não dá pra sincronizar?... acho que é esse o segredo de ser feliz... equilíbrio e sincronia... do nosso próprio universo pessoal... assim não haveria ansiedade... a dor seria suportável... a alegria seria bem aproveitada... ficaríamos em paz com todo o restante do universo...


(Ana)







O mundo está lá fora e aqui dentro, dentro de mim!
A vida passa pela janela, o vento canta a música de todos nós.
Vejo o balançar das árvores e dos meus pensamentos.
No leste, o sol surge fraco ainda. E ao longo da minha jornada, vai alaranjando o céu, e morre atrás da igrejinha.
A areia fina sob meus pés, me ligam a terra, me fazem perceber que estou viva!
Sinto no vento o cheiro de sal, o sal da terra. O que me faz perceber a vida em sua plenitude.
Água fresca molha minhas pernas, e minha pele sente o alívio de sentir a ligação com o belo.
Tudo em equilíbrio e sincronia, a conexão com o universo e eu, parada sentindo a força das minhas veias. A vida se mostra em todos os lugares onde estou.
Viva! O ar percorre meus pulmões.
O êxtase de sentir tudo!
(Aline)






Era nessa época quando o tempo começa a esquentar, as janelas ficavam abertas até mais tarde, vinha da rua um cheiro de flor e o piso ficava quente do sol da tarde. Fim do ano chegando, férias, Natal, coisas que não falhavam, não falhariam nunca...Trazer da padaria da esquina o pão embrulhado em papel cinza e amarrado com barbante, usar o papel para desenhar depois.
Um dia no colégio a professora decreta: vocês que são adolescentes e estão na fase dos namoros...não lembro o resto do comentário, adolescência para mim era uma palavra de revista, não parecia ter nada a ver com a menina que eu era, mas palavra de professor é palavra de professor, e eu, menos segura que antes, procurava no espelho a adolescente que ainda não existia.
Segurança, plenitude, sei lá, acho que ficaram talvez nessas lembranças despreocupadas da infância, onde a vida se oferece inteira, um cacho de possiblidades presas ao galho aparentemente baixo de uma árvore. Fora isso, alguns momentos raros e rápidos, um diploma na mão , um filho na barriga, um beijo .
Equilíbrio custei a entender o que era. Tinha a idéia de coisas imóveis, estáticas. Demorei a entender as oscilações de minha balança. Sou definitivamente uma criatura da falta, da busca, da beira do abismo. O nirvana não é para mim. As rédeas da vida, se eu tentar segurar vou com certeza errar o caminho, então confio no instinto animal. Mas atravesso minhas pontes incertas ,minhas estradas íngremes, com um passo atrás do outro, um olho no destino outro no caminho, um frio na barriga e muitas vezes a vontade de voltar...
Tenho quase sempre conseguido chegar, ainda que o chegar não passe de um mudar de rota.




(Neysi)

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